Especial Dengue:

Cultivando suas plantas sem o mosquito da dengue

Cenário I: Rio de Janeiro e São Paulo
A data: Início do século 20
O fato: Oswaldo Cruz e Emílio Ribas erradicam o mosquito Aedes aegypti, dando fim à febre amarela.

Cenário II: Rio de Janeiro e São Paulo
A data: Início do século 21
O fato: Alastra-se pelo estado do Rio de Janeiro a epidemia da dengue - doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Inúmeros casos de dengue hemorrágica (variante mais grave da doença, que pode levar à morte) são registrados, inclusive com vítimas fatais. A epidemia chega a São Paulo, colocando a população em alerta.

Parece incrível, mas neste período de 100 anos, o mosquito Aedes aegypti ainda foi erradicado por mais duas vezes: na década de 50 e, depois, na década de 70. Estamos em 2002 e vivemos uma epidemia de dengue. O fato é que essa epidemia que se espalha pelo país já era prevista, em 1996, pelo próprio governo. Antes de sair do cargo, o ministro Adib Jatene, à frente da Pasta da Saúde, alertou para a necessidade de se implementar um Plano de Erradicação do mosquito Aedes aegypti. O governo, alegando que o plano do ministro era audacioso demais (ao que parece, envolveria valores da ordem de R$ 4 bilhões) praticamente abandonou a proposta. Segundo a Revista Época ("Chance perdida", edição de 18/02/2002), "o plano feito pela equipe de Jatene envolvia oito ministérios, num investimento total de R$ 4,5 bilhões em três anos. Além do tradicional combate com inseticida, previa ações de saneamento e educação. Também incluía a vigilância de portos, aeroportos e fronteiras, ampliação da estrutura para o controle da doença, inclusive com a construção de laboratórios. A operação contaria com uma massa de 60 mil agentes contratados e treinados para combater o mosquito".

É... talvez o plano fosse mesmo muito audacioso e, sem condições de aplicá-lo, o governo federal - ao que tudo indica - optou por não fazer nada. Essa é a impressão que temos, ao analisar os fatos. Na mesma reportagem citada acima, a Revista Época registra: "Em 1997, só foi liberado um quinto dos R$ 443 milhões previstos para o plano. No ano seguinte, a dengue explodiu para 559 mil casos. Diante da situação, o médico sanitarista Jaime Calado, nomeado por Jatene para a secretaria executiva do plano, pediu demissão. Antes de sair, Calado tomou o cuidado de deixar por escrito uma nova advertência sobre a gravidade do tema, em um ofício: Caso não se tomem providências imediatas, poderemos ter problemas de conseqüências imprevisíveis com relação a epidemias de dengue hemorrágica e à reurbanização da febre amarela".

Incrível. Mas, é verdade. Você está sendo bombardeado - agora, em 2002 - por uma campanha desesperada dos governos federal, estaduais e municipais que tenta deter o avanço da epidemia de dengue e suas graves conseqüências.
Tragédia anunciada? Provavelmente sim. Contudo, infelizmente, como diriam os antigos, "não adianta chorar o leite derramado". A situação é grave e cada cidadão tem que adotar medidas para evitar que a epidemia se alastre, ajudando a eliminar focos do mosquito transmissor.

E é aí que entramos no assunto que nos diz respeito: os vasos de plantas, as bromélias e plantas afins.

O cidadão dos grandes centros já vive confinado em suas casas, por força da onda de violência e criminalidade que assola as cidades. O cultivo de plantas ornamentais, a decoração da casa com vasos de flores, enfim, um pouco da nossa exuberante flora leva vida e alegria para dentro das casas e condomínios. Não é justo que as pessoas tenham de se privar também deste prazer. É possível sim, manter o hábito de ter plantas em casa sem transformá-las em criadouros do Aedes aegypti. Atenção para estas dicas:

Cultivando suas plantas sem o mosquito da dengue - Medidas importantes que podem ser adotadas, sem prejudicar as plantas:

  • Como o mosquito da dengue - Aedes aegypti - procria em água limpa e parada, coloque areia grossa nos pratinhos que ficam embaixo dos vasos. A medida é eficaz e não prejudica a planta em nada. Ao contrário, pois a água excedente da rega, que fica parada ali no pratinho, geralmente aumenta a umidade ao redor das raízes da planta, favorecendo o ataque de fungos e a proliferação de lesmas e caracóis.
  • Não regue as plantas colocando a água nos pratinhos. Use um regador de bico longo e fino, de forma que a água atinja apenas a terra do vaso.
  • Evite excesso de água nas regas, não encharque a terra ou deixe o vaso transbordar. O excesso de umidade não traz benefício algum à planta e pode favorecer algum foco do inseto.
  • No caso de vasos com flores naturais cortadas, uma ótima medida é substituir a água por um pedaço de espuma floral (também conhecida como espuma de florista). Facilmente encontrada em lojas de produtos para floristas e também em floriculturas, a espuma floral deve ser submersa em água limpa até que fique bem saturada e, depois, colocada dentro do vaso. Aí é só encaixar as hastes das flores na espuma, montando o arranjo como se deseja. À medida que a espuma vai secando, deve-se ir acrescentando água, tomando o cuidado para colocar apenas a quantidade que será absorvida. O uso da espuma floral não oferece ambiente para a reprodução do mosquito e, ainda, aumenta consideravelmente o tempo de vida das flores.
  • Pesquisa realizada pelo Grupo de Trabalho de Entomologia do PEA - Rio (Plano de Erradicação do Aedes aegypti mostrou que a rega de plantas com uma solução de água + hipoclorito de sódio a 2% (água sanitária comercial), na proporção de 1 ml de água sanitária (cerca de 40 gotas) para 500 ml de água é eficaz como larvicida. Esta pesquisa foi aplicada no período de 3 meses e não mostrou nenhum efeito nocivo para bromélias e plantas em geral. A mesma mistura pode ser usada para lavar os pratinhos dos vasos, esfregando-os bem com uma bucha, antes da colocação da areia grossa. Lembre-se: as fêmeas do mosquito costumam depositar seus ovos nas paredes dos recipientes.

Para saber mais:

Bromélias viram a mata de cabeça para baixo
As bromélias e sua surpreendente capacidade de sobrevivência
Bromélias: o que fazer?
Borra de café: uma alternativa natural contra o Aedes aegypti
Bromélias semeadas, bromélias preservadas
Bromélias

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