Guitarra

Cecília Meireles

Punhal de prata já eras,
punhal de prata!
Nem foste tu que fizeste a minha mão insensata.
Vi-te brilhar entre as pedras,
punhal de prata!
No cabo flores abertas,
no gume, a medida exata,
exata,
a medida certa,
punhal de prata,
para atravessar-me o peito
com uma letra e uma data.
A maior pena que eu tenho,
punhal de prata, não é de me ver morrendo,
mas de saber quem me mata.