Mosca brasileira salva lavoura nos EUA Insetos brasileiros estão, literalmente, salvando a lavoura nos Estados Unidos. É que o governo norte-americano está importando moscas do Brasil para combater uma das maiores pragas nas plantações de soja e milho no sudeste daquele país: a formiga lava-pé. Liberados em onze estados americanos nos últimos três anos, os forídeos - mosquinhas de menos de 1 centímetro - já ocupam área de 2 mil quilômetros quadrados só na Flórida, primeiro estado a receber os bem-vindos invasores. Com a medida, o Departamento de Agricultura dos EUA quer evitar prejuízos de milhões de dólares. As primeiras mosquinhas foram levadas para os Estados Unidos em 1996, depois que Sanford Porter, entomologista responsável pelo projeto no Departamento de Agricultura americano, ter passado por um estágio de sete meses no Laboratório de Quarentena "Costa Lima", da Embrapa Meio Ambiente. O laboratório é o único credenciado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento para autorizar exportações de organismos com fins de controle biológico. Porter explica que a liberação dos forídeos nas plantações americanas não traz riscos para o meio ambiente nem para a saúde humana. Ele acredita que a espécie de formiga lava-pé que vem causando tantos problemas tenha chegado aos EUA nos anos 30, provavelmente misturadas a grãos trazidos do sul do Brasil. Sem predadores naturais, elas se multiplicaram e, hoje, se encontram em número cinco vezes maior do que no país de origem. "Por isso, tivemos que apelar para a fauna brasileira para combater o problema", diz o entomologista. Ataque aéreo às formigas Típicos da América do Sul e abundantes no Brasil, os forídeos têm uma eficiente estratégia de ataque. Ao se aproximarem de um ninho de formigas lava-pé, as mosquinhas injetam seus ovos sobre o abdômen da formiga em um décimo de segundo, como se fosse um torpedo, explica Porter. Depois de alguns dias, o ovo se quebra e a larva caminha para a cabeça do hospedeiro. Lá, após duas semanas, a larva libera uma enzima que dissolve algumas membranas da cabeça, fazendo-a se desprender do corpo do animal. É aqui que a larva do forídeo se desenvolve, alimentando-se dos músculos e do próprio cérebro da formiga. Poucos dias depois do ataque, o inseto atinge a maturidade e está pronto para fazer mais uma vítima. Fonte: http://www.cnpma.embrapa.br |